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Onde estão os talentos (Parte I)?
MAURO RIBEIRO Consultor da Avanti Consultores e Sócio Diretor da Talent & Management Development
- Hei moço! O Sr. gostaria de comprar os cajus mais gostosos desta praia? - E como você sabe que eles são os mais gostosos? - É que eu moro ali naquele sitio e a gente tem uns três pés de caju em casa, os vizinhos também têm em seus quintais,
mas o pessoal daqui rouba somente os cajus do meu quintal. É por isto que eu acho que os meus cajus são os mais gostosos, senão o pessoal não roubava. O Sr. pode experimentar um se quiser, se gostar o Sr. compra dois saquinhos. O que o Sr. acha da minha
proposta?
Este diálogo aconteceu de verdade em uma praia do litoral sul de São Paulo, em uma manhã de verão. Eu estava sentado confortavelmente na areia da praia, quando vi um menino moreno aparentando uns dez anos de idade empurrando um carrinho de pedreiro todo
enferrujado com o pneu murcho. Dentro do carrinho carregava alguns saquinhos de plástico com um punhado de cajus. Aceitei a proposta e provei um. Confesso que a aparência das frutas era feia, mas o gosto era espetacular e acabei comprando dois sacos.
O Willian, este era o nome dele, vinha sorridente, olhando para o mar, para as pessoas jogando futebol, para a asa-delta voando no céu. A cada aglomerado familiar, ele parava e iniciava seu atualíssimo processo de vendas, afinal de contas, ele tinha uma boa
abordagem, fazia perguntas planejadas e coerentes, tinha respostas para as dúvidas dos clientes, portanto conhecia o produto, tinha uma boa oferta e tinha todo o programa de vendas na ponta da língua, além do que era simpático, alegre, etc. Enfim, o Willian
tinha o perfil do vendedor que todo gerente de vendas gostaria de ter em sua equipe!
Mas ele faz parte do enorme contingente de crianças que não terão oportunidade de desenvolver suas habilidades naturais, pois sendo um filho de pedreiro desempregado, morando em uma tapera, no fim do mundo, sem condições de educação, saúde, sem nada... Enfim
mais um brasileiro do popular grupo SF ou dos "Sem Futuro".
Com certeza o país perderá um potencial profissional da área comercial ou até quem sabe um profissional da área de marketing ou da publicidade. Imagino a quantidade de talentos que o país perde por não ter um estratégico modelo de desenvolvimento de talentos
como, analogamente, toda empresa inteligente tem.
Estatisticamente, dos 68 milhões de jovens com idade entre 5 e 24 anos (IBGE-Censo 2000), cerca de 4 milhões (6% da população segundo a curva de Gauss) são gênios em alguma das 11 inteligências já catalogadas, conhecidas e provadas (conceito de Howard
Gartner e demais seguidores). Ou seja, 4 milhões de gênios estão perdidos no meio desta multidão onde, com certeza, a maioria não foi identificada pelos técnicos do setor educacional.
E não o foram porque o pessoal da educação sabe - e ou se sabem - não utilizam esta ferramenta fantástica de identificação dos talentos.
Tenho certeza de que todos os executivos de nível médio para alto e demais pessoas informadas conhecem o segundo camelô de maior sucesso no Brasil (o primeiro é o Sr. Silvio Santos do SBT). Pois é David Mendonça, que ensina marketing para "doutores" no
assunto em suas palestras pelo Brasil afora.
Um caso de talento que a força de vontade e as durezas da vida promoveram ao estrelato. Importante: David Mendonça não tem o segundo grau completo. Os talentos o David sempre teve. Estavam latentes. Faltavam serem descobertos. Mas ninguém descobriu e
um brilhante profissional foi, por razões várias, morar debaixo de uma ponte.
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